domingo, março 18, 2007

16 - EPISÓDIOS DA AVIAÇÃO EM MOÇAMBIQUE

HISTÓRIA

EPISÓDIOS DA AVIAÇÃO EM MOÇAMBIQUE

Passarei a contar nesta secção, alguns dos episódios passados em Moçambique nos tempos épicos da aviação, pois algumas atendendo a que não deram para nenhuma desgraça, acabam a esta distância temporal por ter piada, e que entendo dever por isso registar para memória futura. Nalguns episódios fui voluntária ou involuntariamente, protagonista. Noutras apenas tive delas conhecimento directo ou indirecto; e sem seguir propriamente uma ordem cronológica de datas, contá-las-ei.
1. Durante a visita do então Presidente da República Almirante Américo Tomaz a Moçambique (1964), as viagens a algumas localidades do interior de Moçambique, como por exemplo a Vila Pery, era feita de avião, nos velhos Dakotas DC3, porque os então “Foker Friendships” (aviões muito mais cómodos e mais rápidos que os velhinhos DC 3), não podiam aterrar em pistas de terra batida, dado que o pó prejudicava os motores turbo hélice que possuíam. Como era necessário dar apoio às notícias das visitas, foram encarregados os táxis aéreos e os aviões do ACB de fazer as ligações, transportando a correspondência de para e para a comitiva presidencial. Assim, num belo dia, estava o avião presidencial, cujo Comandante era o PLA Sr. Branco (o mesmo Comandante da DETA, que foi o meu examinador), já alinhado e com os motores acelerados, tendo mesmo começado a rolar, quando aparece um dos Comanches dos TAM (do Jorge Guerra), tripulado pelo piloto-aviador Álvaro Ferreira , que sem mais esta nem aquela, aterrou e contra todas as regras de legislação e circulação aérea, e se postou à frente do Dakota presidencial, obrigando o Comandante Branco a cortar os motores para evitar uma mais que certa colisão. Zangado, o Comandante Branco abre a pequena janela do cokpit do Dakota, e visivelmente zangado e com razão, deita o braço de fora e de punho cerrado, ameaça dar um soco ao Álvaro Ferreira, que se riu da avaria. Mas o certo é que a correspondência foi entregue aos destinatários da comitiva presidencial, pelo que depois os aviões seguiram os seus destinos sem mais percalços.

2. Num belo dia os Nord Atlas estacionados na B A 10 (Beira), estavam estacionados com o parking brake, no então aeroporto Sacadura Cabral, a experimentar e a aquecer os motores, a mais de 1.500 rpm, quando o piloto Moura, do Leonel Nunes da Silva (SETA), distraidamente a fazer o táxi way para o estacionamento, passou com um Piper Tripacer por trás dos dois Nord Atlas. Resultado: “voou” de lado, capotando, tendo ficado partido e com o trem virado para cima. - Felizmente o piloto nada sofreu.

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[1] O Álvaro Ferreira era casado com uma das sobrinhas do antigo P R Marechal Francisco Higino Craveiro Lopes, portanto filha do antigo Governador de Tete Craveiro Lopes, irmão do dito ex-PR.

Artigo de: António Jorge Xavier Correia de Freitas Côrte-Real

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